Você não precisa negociar com uma bruxa do mar pra encontrar sua “voz de escritor”.
Esse termo, usado muito na gringa, se refere ao estilo literário de um autor: como você enxerga o mundo e qual é a sua forma única de contar uma história. Você pode nem ter notado, mas tudo que você escreve reflete essa voz.
A única forma de melhorar ela é escrevendo e depois escrevendo mais um pouco. Só com a prática você vai conseguir ir refinando seu estilo. E não tenha medo de usar regionalismos ou refletir a forma que você conversa com seus amigos, especialmente em diálogos.
Existem alguns pontos nos quais você precisa prestar atenção pra fazer sua voz brilhar: 1 – Escolha o melhor ponto de vista. Isso tem a ver com o meu último post, sobre narrar em 1a ou 3a pessoa (se você ainda não leu, corre lá), e também qual é o melhor personagem pra narrar essa história (e pode ser até mais de um). 2 – Entenda de onde vem o seu personagem. É um personagem gentil ou rude? Doce ou sarcástico? Ele vem de uma família rica ou humilde? Ele teve um passado difícil de alguma forma? Tudo isso vai influenciar a forma que ele fala e sua percepção de mundo. 3 – Encontre a emoção. O pior erro que você pode cometer contando uma história (principalmente se ela for em primeira pessoa) é deixar ela robótica, mecânica. Um livro não é uma lista de ações (“Fulaninho sentou na cadeira. Beltraninha abriu a janela”), o leitor quer saber o que os personagens estão pensando e sentindo.
O principal é lembrar que um texto literário não é uma dissertação. Você pode ser pessoal, você pode ser engraçado, seu personagem pode ter monólogos internos. Quanto mais verdadeiro você for no seu texto (contando a história do seu jeito e não imitando o que você acha que é o correto), mais única e interessante a sua voz vai ser.
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